OS GRANDES PLAYERS MUNDIAIS, com capacidade de projetar poder sobre os demais, são, em sequência histórica, Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos, Rússia/União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Japão e China. Ainda que há um século e meio o clube de grandes potências permaneça o mesmo, com Brasil e Índia como candidatos ao grupo, a posição de cada uma delas se alterou ao longo do tempo, da mesma forma que as rivalidades e alianças.
Na segunda metade do século XIX, a Inglaterra considerava como adversários a França, na Europa, e a Rússia, na Ásia e no Oriente Médio. Na crise que conduziu à Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra, a França e a Rússia se aliaram contra a Alemanha; e, na Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra, a França, a URSS, os EUA e a China enfrentaram o Eixo (Alemanha, Japão e Itália). Após 1945, os EUA, a Inglaterra, a França e a Alemanha Ocidental
(membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte – Otan) estavam aliadas contra a URSS na Guerra Fria. Com o triunfo da revolução, a China entrou em confronto com os EUA e, depois, com a própria URSS, chegando a aliar-se com os norte-americanos contra os soviéticos desde 1971.
Foi professor titular de História Contemporânea e Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) por 40 anos. Atualmente, leciona Ciências Militares na Escola de Comando e EstadoMaior do Exército (ECEME) e Política Internacional na UFRGS, além de coordenar o Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT) da UFRGS. É autor de vários livros e
pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e cumpriu estágio pós-doutoral em Relações Internacionais na London School of Economics e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ocupou a cátedra Rui Barbosa de Estudos Brasileiros na Universidade de Leiden, Holanda, e a cátedra Rio Branco de Relações Internacionais na Universidade de Oxford, Reino Unido. Foi professor convidado na USP, na Universidade de Cabo Verde e na Universidade de Veneza. É editor fundador da Austral: Brazilian Journal of Strategy |
PAULO FAGUNDES VISENTINI
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A POLÍTICA INTERNACIONAL OCORRE DENTRO DE UM SISTEMA MUNDIAL E É PROTAGONIZADA POR GRANDES POTÊNCIAS
O grande debate político e acadêmico no mundo atual consiste nas crescentes tensão e disputa entre os Estados Unidos da América (EUA) e a República Popular da China pela liderança global. O tema, que envolve Ascensão e Queda das Grandes Potências, não é novo. Em 1988, Paul Kennedy publicou a famosa obra com esse título, concluindo-a com um cenário em que o Japão e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) eram os grandes desafios dos EUA: um, econômico; e o outro, militar. A China ocupava um lugar secundário na análise, mas em três anos a URSS deixou de existir, e o Japão parou de crescer economicamente. A obra de Paulo Visentini, professor do doutorado em Ciências Militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) e renomado especialista em história mundial e relações internacionais, retoma o tema dos confrontos e alianças das grandes potências nos últimos 150 anos. A ênfase na diplomacia, nas guerras e na geopolítica analisa como a posição hierárquica, as alianças e rivalidades entre as grandes potências (Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos, Rússia/URSS, Japão e China) se alteraram ao longo desse
período. O autor discute as forças profundas do processo e as tendências atuais, agravadas pela pandemia da Covid-19.